sábado, 18 de dezembro de 2010

A proposta empresarial da Recife Energia


A planta um da Recife Energia prevê o descarregamento dos caminhões de lixo em um depósito todo fechado, sem saídas de ar. Nesse grande depósito, apenas uma pessoa vai operar uma garra que rasgará os sacos para o lixo ter sua parte orgânica automaticamente separada. Líquidos, restos de alimentos, pó de café, cascas seguem para os biodifestores suíços da Kompogas, uma empresa modelo na transformação de lixo orgânico em fertilizantes e gás natural. “Nossa produção de gás vai gerar energia para toda a unidade no Recife e será o combustível de parte de nossa frota”, conta o engenheiro Paulo Pontual.

Separada a parte orgânica, o resto do lixo segue em uma esteira para uma sala onde estarão os catadores de lixo cooperativados – outra exigência do edital da licitação. Os catadores separarão plástico duro, garrafas PET, latas e outros produtos recicláveis que possuem mercado. Os 240 cooperativados terão equipamentos de proteção individual, refeitório, sanitários oferecidos pela Recife Energia.

O que não for aproveitado passará por dois processos, um eletromagnético e outro eletrostático, que excluirão ferro, aço, alumínio, antimônio e outros metais. Em seguida, a separação balística retirará pedras, blocos pesados, cerâmicas e material de construção. O que sobrar será triturado em pedaços de 5cm. Esse é o CDR, que será transportado em carretas fechadas para a usina de geração de energia e vapor, no Cabo.

Ao ser descarregado, o CDR vai para a caldeira por esteira e é queimado em temperatura superior aos 1.000°C. A partir da água que passa por tubos, dentro da caldeira, é produzido vapor superaquecido que movimentará as turbinas para produção de 27 MW. “O suficiente para alimentar um município de 300 mil habitantes”, exemplifica Paulo Pontual. A eletricidade será vendida em leilões e parte desse vapor, em temperatura menor, será vendido para indústrias químicas.

A saída da fumaça produto da queima do CDR e a cinza gerada também são alvo do EIA/Rima e previstos no projeto de instalação. A fumaça seguirá para dois reatores. O primeiro, por turbilhonamento, vai retirar as partículas aéreas. “Vamos poluir menos que um caminhão, será coisa de 200 mil partes por metros cúbicos”, afirma o engenheiro do consórcio. O segundo reator, com pó de carvão ativado, terá como função capturar as dioxinas e furanos, elementos tóxicos persistentes, perigosos e comuns em processos de combustão industrial. Depois dos dois reatores, a saída para a atmosfera por uma chaminé com 30m de altura. Na base do duto, um controle em tempo real que estará fazendo a análise química de tudo que por ela passar. “Se houver uma quantidade excessiva de algum elemento químico tóxico, um alarme dispara e todo sistema para”, explica Paulo Pontual.

O passo seguinte, numa situação dessas, é encontrar a razão da concentração de algum elemento e corrigir o processo e impedir a repetição do erro. “Os parâmetros do nosso sistema na saída do exaustor consideram como limite 80% do previsto na resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Se ultrapassar 80% do previsto pelo Conama, o sistema dispara”, reforça Paulo Pontual.

A cinza somará perto de 70t ao dia. Ainda não há um destino comercial estabelecido, esclarece Paulo Pontual, que enxerga mercado na produção de blocos cerâmicos, como elemento para a indústria do cimento ou parte do asfalto. Outra hipótese, afirma o gerente, é vender as cinzas para um aterro sanitário, que precisa criar camadas capazes de isolarem o lixo aterrado.

Fonte: Coluna Verde/ Portal O ECO

Comentário da postagem: O Grupo Qualix que tem participação majoritária na empresa Recife Energia tem também a concessão de coleta e tratamento de lixo do Município de Teresina e no escopo desta atividades apresentou uma proposta complementar de implantar uma usina semelhante a que poderá entrar em operação em Recife.

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